O Ouro do Imperador - Capítulo 5
Originalmente publicado em 2015-01-22 01:15 no blog Patinete a vela.
Este é o texto 6 de 10 da Primeira Maratona de Posts do Patinete a Vela.
Se você ainda não o fez, leia O ouro do Imperador - Capítulo 4.
O Ouro do Imperador
Capítulo 5
Onde a busca começa a ficar mais difícil.
Aquela foi a primeira noite bem dormida de Henrique. Ele se surpreendeu ao ver em seu relógio que já eram oito da manhã e, quando saiu da barraca, encontrou Roberto com sua barraca desmontada e guardada e sua mochila já arrumada para partir. Além disso, Henrique percebeu que seu amigo tossia incessantemente.
– Por que você não me acordou antes, Roberto?
– Achei que era melhor deixar você dormir um pouco mais, afinal não precisamos ter tanta pressa assim.
– E essa tosse feia?
– Passei muito frio à noite, você não? Acho que peguei uma maldita gripe.
Henrique deu um bocejo alto e sentiu que algo não estava certo. Olhou ao redor e então perguntou alarmado:
– Onde está o Remy?
– Ele voltou para Martigny. Ontem fiquei conversando com ele e consegui convence-lo a nos emprestar o equipamento e deixar que continuássemos a excursão sozinhos.
– Como foi que você o convenceu? Ele parecia irredutível.
– Tive que oferecer algum dinheiro para ele. Mas não tem problema agora. Ele deixou o telefone via satélite para ligarmos para ele quando quisermos voltar, aí ele vem nos buscar. – Ótimo, que bom é ver que está tudo sob controle!
Henrique nem parou para pensar de onde teria Roberto tirado dinheiro, já que o folgado estivera viajando às custas dele desde o primeiro dia de viagem. Mas mesmo que tivesse achado isso estranho, agora a preocupação era começar a jornada e encontrar logo o tão sonhado tesouro.
Tomaram um café da manhã rápido e começaram a caminhada. Roberto apontou para seu mapa e disse:
– De acordo com meu mapa estamos prestes a encontrar uma bifurcação na estrada, onde vamos sair da estrada principal. Essa estrada secundária que vamos pegar serpenteia encosta abaixo. Provavelmente mais um dia de caminhada e vamos conseguir encontrar o ponto marcado no mapa onde deve estar nosso tesouro.
Os dois caminharam por aproximadamente uma hora até chegarem à bifurcação. Não era exatamente o que Henrique estava esperando. A bifurcação levava a uma trilha estreita e íngreme no meio das rochas. A decida seria mais uma escalada do que uma caminhada.
– Você não acha estranho que a carroça com o ouro real tenha pego esta estrada secundária? Acho que mesmo nós vamos sentir dificuldades em descer. – disse Henrique.
– O mapa está certo, vamos lá. – talvez fosse por causa da gripe, mas Roberto estava começando a soar um pouco impaciente.
A decida foi bem trabalhosa. Era necessário usar as duas mão para se segurarem nas rochas enquanto deslizavam trilha abaixo. Continuaram assim por cerca de uma hora até chegarem a uma outra trilha, mais larga, que continuava ladeando a montanha.
A trilha estava coberta de vegetação e parecia que não era muito usada, nem por seres humanos nem por qualquer animal que habitasse as montanhas. Henrique e Roberto usavam seus detectores de metal continuamente, especialmente sobre arbustos ou regiões de vegetação mais espessa.
Pararam para descansar um pouco. Apesar de estarem no verão, a temperatura naquela região ainda era muito baixa, próxima de zero graus. Henrique achava que o frio fazia com que ele se cansasse menos durante a caminhada, mas não estava fazendo muito bem a Roberto que continuava tossindo como se fosse um fumante crônico. Passaram mais algumas horas seguindo pela estrada, que ora ficava mais estreita, ora mais larga. Em alguns trechos era possível, olhando para cima, ver a estrada principal, mas muitas vezes a estrada secundária serpenteava pelo meio das rochas de forma que era impossível de ver a outra estrada.
– Esta estrada em que estamos seguindo é quase invisível desde a estrada principal – disse Roberto. – Essa é a nossa sorte, pois pouquissimas pessoas devem conhece-la, o que reduz a chance de que alguém tenha chegado ao tesouro antes.
O resto do dia foi apenas de caminhada. Quando escureceu, armaram as barracas e prepararam uma pequena fogueira.
– Estamos quase chegando. Provavelmente amanhã vamos conseguir chegar no ponto marcado no mapa.
– Roberto essa sua tosse está muito feia.
– Eu sei, esta maldita gripe está acabando comigo. E tinha que me acontecer logo aqui, quando precisamos estar com o máximo de nossa disposição. Que droga.
– É melhor você descansar um pouco. Amanhã podemos começar cedo e vamos logo encontrar nosso tesouro.
Roberto despediu-se de Henrique e foi dormir. Henrique estava com pouco sono, por isso ficou mais alguns minutos olhando para a fogueira envolvido em seus pensamentos. Em volta, o silêncio era total, exceto pela tosse de Roberto. Henrique já previa que seu amigo não conseguiria dormir direito por causa da gripe.
Quando a fogueira se apagou, foi até sua barraca, se enrolou em seu saco de dormir e adormeceu.
…continua em: O Ouro do Imperador - Capítulo 6