In your face, parte 1: Os operários - Uma batalha láctea de Starcraft
Originalmente publicado em 2014-03-19 10:29 no blog Patinete a vela.
Muitas atrocidades na história da humanidade foram cometidas em nome do imperialismo. Poucas atrocidades são tão vis e repugnantes, no entanto, quanto algumas táticas com excesso de lactose utilizadas pelos exércitos de Arcturus Mengsk para aniquilar seus inimigos durante a expansão do império Terrano pelo universo.
Segue a primeira parte de um relato vazado da Central de Comando da divisão Azul do Exército Imperial. As identidades dos envolvidos foram alteradas para preservar suas dignidades.
In Your Face, Parte 1: Os operários
Stan estava coletando minérios e Tom estava terminando de construir um depósito de suprimentos quando chegou a ordem do adjutor em sua voz feminina sintética.
– Tom e Stan, vocês deverão prosseguir até a Torre Xel’Naga norte e aguardar por instruções.
Tom, operador de VCE veterano de várias campanhas, respondeu rapidamente e dirigiu-se à rampa de descida do platô onde a central de comando da base Azul se encontrava. Stan não pode controlar uma gota de suor que deslizou por sua têmpora ao saber que teria que abandonar a segurança daquele platô.
Quando se encontrou com Tom na base da rampa, Stan recebeu através do comunicador a saudação de seu veterano.
– E aí novato! Que demora, hein? Até parece que você não queria vir para esta missão!
Stan viu o rosto de Tom em seu monitor. Sorriu e respondeu:
– Tom, sair com você está longe do meu ideal de encontro romântico!
Tom riu e conduziu seu VCE até o do Stan, trombando nele.
– Chega de papo furado, moleque! O último a chegar na torre Xel’Naga é mulher da hidralisca!
– Tom, isso não faz sentido, as hidraliscas se reproduzem assexuadamente, não é possível ser mulher de…
Tom trombou de novo no VCE do Stan e disparou à frente. Stan seguiu atrás de Tom e não pôde deixar de sentir um frio na barriga ao passar ao lado daquela enorme montanha de matéria orgânica, com tentáculos e dentes, no platô vizinho a aquele onde a base Azul se encontrava.
– Ei Stan, até parece que nunca viu uma incubadora antes!
Stan não respondeu. Ele nunca tinha visto uma incubadora, ou qualquer criatura zerg antes.
– Dá uma olhada nisto aqui.
No monitor de Stan apareceu uma foto de uma incubadora vista desde muito alto, enviada por Tom. Era uma visão espantosa. A incubadora era um enorme ser vivo, em constante mutação. Parecia um vulcão com tentáculos e sabe-se lá que criaturas infernais poderiam aparecer da enorme cratera dentada em seu topo.
– Tenho um amigo soldado que tirou essa foto quando voltava de ambunave para a base.
– Que bicho horroroso!
– Não, esse meu amigo é feio mas não tanto. Essa incubadora é coisa de tirar o sono, né? Mas eu não me assusto, já tive uma namorada mais feia do que isso. A única diferença é que a minha namorada tinha menos dentes… Hahaha
Stan estava impressionado com a capacidade de Tom manter seu humor e tinha dificuldade em avaliar o que era pior: a missão que eles receberiam quando chegassem à torre Xel’Naga, muito próxima às bases inimigas, ou saber que eles tinham uma incubadora zerg tão perto de casa. Tom voltou a falar:
– Veja, pelo menos aquela torre Xel’Naga parece ser um lugar mais seguro do que a nossa base, né?
A torre Xel’Naga estava perigosamente próxima às rampas de acesso aos dois platôs onde as bases dos exércitos Celeste e Violeta se encontravam. Enquanto Tom e Stan se aproximaram da torre, puderam sentir uma intensa interferência em todos seus sistemas de comunicação. No entanto, quando chegaram realmente perto da torre, as comunicações voltaram a ficar perfeitas.
Tom percebeu a inquietação de Stan. Não muito longe, era possível observar as rampas que levavam às bases dos exércitos Celeste e Violeta, as duas separadas por um vale. No topo das rampas era possível ver algumas construções inimigas: quartéis e depósitos de suprimentos.
– Tom, nós já vamos voltar para a base, né? Nossa missão vai ser segura, né?
Tom olhou para o VCE do Stan por alguns instantes antes de responder.
– Não se preocupe, garoto. Vamos cumprir nossas missões e já já estaremos longe daqui. É só esperarmos o adjutor nos passar a missão, fazer o que nos for instruído e voltar para comemorar.
A comunicação foi interrompida pela voz sintética do adjutor.
– Cada um de vocês deverá construir um quartel escondido atrás da torre Xel’Naga.
– Ahá, minha tarefa favorita! Obrigado adjutor, você é uma santa. E por falar nisso, quando é que vamos receber o nosso aumento do soldo?
– Minérios insuficientes.
Esta foi a última resposta do adjutor. Em missões deste tipo, próximas às linhas inimigas, as comunicações com a base eram mantidas ao mínimo para evitar que os inimigos escutassem.
– Ainda lembro da primeira versão do adjutor, quando colocaram a voz do Mengsk. – disse Tom – A voz dele me dava nos nervos quando dizia “Não é possível construir aí”, e ninguém dava muita bola mesmo. O Comando acabou descobrindo que nós gostamos mesmo é de receber ordem de mulher e aí colocaram essa voz sexy!
Stan continuava a olhar preocupado para as bases inimigas.
– Nós estamos muito perto – disse Stan. – Não entendo como é possível que eles não nos vejam.
Tom já havia participado de missões assim.
– Stan, pense nesta torre Xel’Naga como se fosse o nariz deles. A torre fica tão na cara deles, que eles não conseguem enxergá-la!
Stan riu e começou a trabalhar. Quanto antes aquele quartel estivesse pronto, mais rápido eles estariam de volta à base.