Originalmente publicado em 2013-08-27 17:13 no blog Patinete a vela.

Itinerário

Amanhã embarco em uma viagem de volta ao mundo. Tá bom, se for para ser realmente formal e preciso, não vai ser exatamente uma volta ao mundo. Vou chegar o mais ao Leste possível e então, em vez de atravessar o Pacífico, vou voltar por onde vim. Agradeço aos preços absurdos das passagens só de ida de avião por este trajeto pouco romântico.

O plano é o seguinte: vou partir do Aeroporto Internacional de Guarulhos amanhã, dia 28 de agosto de 2013. Vinte e oito horas depois (contando com uma espera de dez horas no aeroporto de Chicago), estarei em Londres. De lá irei para York, depois atravessarei a Europa em direção a Dubrovnik, na Croácia, depois rumarei ao Norte em um trajeto ainda não determinado (mas que espero passar pela Ucrânia) até chegar a São Petersburgo. Em seguida irei até Moscow e de lá com a Trans-Siberiana para o Leste. Não sei ainda se vou até Vladivostok ou se irei direto a Pequim. Passarei por Shanghai, darei um pulo em Auckland na Nova Zelândia para visitar o meu amigo Roberto e, depois disso tudo, voltarei para o Brasil passando por Londres e pelos Estados Unidos novamente. Dá para ter uma noção mais ou menos pelo mapinha lá no começo do post.

Esta viagem deverá durar três meses e meio. Mas uma viagem longa destas não pode ser engessada, por isso vai saber se acabarei conseguindo fazer tudo isso aí em cima, ou se vou acabar decidindo por mudar completamente a rota.

Como uma pessoa se prepara para uma volta ao mundo? Pois é, é uma situação meio complicada. Por um lado, não quero cair no erro de fazer o tal de micro-management e planejar cada dia e cada parada da viagem. Isto estressa antes da partida, remove completamente a flexibilidade da viagem e tem uma chance enorme de que no final tudo acabe saindo diferente do planejado.

Então fiz o que julgo ser o mínimo indispensável:

  • obtenção de vistos (do meu itinerário previsto apenas a China requeria visto especial);
  • tomar vacinas;
  • contratação de seguro de viagem (vai que…);
  • compra de passagens;
  • reserva de hotel para pelo menos a primeira semana.
  • arrumação da bagagem.

Na mala, enfiei algumas camisetas, algumas cuecas e meias, uma calça, uma bermuda, um casaco, um caderno para anotações, livro, câmera fotográfica e acessórios, toalha, produtos de higiene, sabre de luz, patinete, máscara do Guy Fawkes, etc. O que faltar compra-se lá. Tá, o patinete é exagero, eu tinha pensado em levar mesmo mas acabei mudando de idéia. Acabei ficando só com o essencial mesmo.

Só que agora, na véspera, vem um frio na barriga. É uma mistura de sensações. É um incômodo por estar em dúvida se faltou planejar algo, outro por ter que ficar longe de minha noiva por tanto tempo, outro por me afastar da minha família, por ter que largar a comodidade da minha vidinha confortável por um período em que não sei onde vou estar, onde vou dormir, o que vou comer. E nunca fiquei viajando por tanto tempo, principalmente sozinho.

Mas precisamente aí está o grande apelo de uma viagem destas. É uma experiência de auto-conhecimento, onde terei que tomar todas as decisões sozinho. Terei a chance de conhecer lugares novos, conviver com pessoas de culturas diferentes, e terei que me virar. E, sem a comodidade de minha própria casa, serei forçado a tirar a bunda da cadeira e me mexer, procurando por coisas legais para fazer. Bom, coisas legais não faltarão, pelo menos nas primeiras semanas. Comentarei sobre estas em próximos posts.