Originalmente publicado em 2016-03-21 12:00 no blog Patinete a vela.

O gênio na lâmpada

Imagine que você viajou no tempo e no espaço para um passado distante, em meio aos místicos desertos do oriente médio. Você está caminhando por um grandioso e movimentado bazar na Pérsia antiga.

Você olha para os lados e vê grandes maravilhas do mundo antigo: tapetes voadores, poções mágicas, encantadores de serpentes… Mas nada disso te interessa pois você procura por algo muito específico.

Você procura por uma lâmpada mágica.

Você ouviu histórias de pessoas que conseguiram fortuna ao encontrar lâmpadas com gênios subservientes e, apesar de nunca ter visto uma lâmpada mágica antes, com base nos relatos você sabe exatamente como ela deve ser. Você sonhou com ela inúmeras noites e conhece com seu coração os seus mínimos detalhes. É uma lâmpada de ouro maciço, com uma enorme esmeralda na tampa, finas gravuras em sua superfície.

Sua busca parecia errática e sem destino até que você encontra uma luxuosa tenda com uma elegante placa na entrada: “Lâmpadas mágicas à venda”.

Empolgação toma seu corpo. Você entra na tenda e mal consegue respirar de emoção ao encontrar uma enorme prateleira, ocupando completamente o fundo da tenda, onde estão empilhadas lâmpadas de todo tipo e tamanho. No meio da prateleira está a lâmpada que você tanto imaginou: uma bela lâmpada de ouro, com uma enorme esmeralda na tampa, finas gravuras em sua superfície.

Infelizmente, há uma grande grade de ferro que te separa da lâmpada. Passando através das barras da grade, uma etiqueta de preço amarrada à lâmpada jaz dependurada. Com aflição você se aproxima para olhar o preço: cinquenta mil reais.

Por favor me perdoe pelo terrível anacronismo de posicionar um preço em reais neste cenário das Arábias. Pronto, perdoou? Podemos voltar para a história.

Você olha com aflição para a etiqueta de preço. Mas não é exatamente um problema. Você esperava que uma lâmpada mágica não fosse custar barato, e para isso juntou todas suas economias, vendeu seu camelo, sua casa e seus pais. Livrou-se de todo e qualquer objeto em sua vida que poderia ser trocado por algum valor, e o montante resultante é suficiente para comprar a lâmpada. E, afinal, é uma lâmpada mágica, então o gênio que aparecerá de seu interior ao esfrega-la se encarregará de fazer com que você recupere todo esse valor e enriqueça além de seus mais loucos devaneios.

Com um pouco de nervosismo, você chama o dono da tenda para retirar a lâmpada da prateleira.

Porém, enquanto o mercante se movimenta lentamente em sua direção, uma sensação incômoda embrulha seu estômago.

“E se essa lâmpada não for mágica?”, você pensa. “E se a lâmpada mágica de verdade for aquela outra, que tem um rubi em vez de uma esmeralda na tampa? Ou aquela pequena de prata? Ou aquela outra de latão?”.

No momento de tomar a decisão, a dúvida se apossa de sua mente e aquela segurança com a qual você entrou na tenda te abandona.

Agora façamos mais uma pausa. Prometo que é a última.

Fazer um aplicativo é muito parecido com procurar por uma lâmpada mágica. Você investe seu tempo e imaginação tentando bolar as funções mais incríveis para seu app, o design mais lindo, para destruir a concorrência. Você é estimulado pelas histórias de sucesso de jovens empreendedores que enriquecem por terem investido na idéia certa. E sonha com a possibilidade de que o mesmo aconteça com você.

Mas fazer um aplicativo requer tempo. E dinheiro. E no momento de fazer o investimento, é normal sentir insegurança. Afinal, idéias existem aos milhões; é fácil tê-las. E se a idéia que você teve não estava totalmente certa? E se o segredo para o sucesso fosse ter desenvolvido um aplicativo ligeiramente diferente?

Voltemos pela última vez à tenda de lâmpadas mágicas no velho mercado persa.

Quando chega até você, o mercante te encontra prostrado ao chão, contorcendo-se pelo nervosismo da decisão que você vai tomar. Você está certo de que quer comprar a lâmpada; mas se ela não tiver um gênio você terá perdido tudo e vai ser muito difícil recomeçar sua vida.

O mercante se comove. Não só com seu sofrimento, mas também com o risco de perder uma venda, então te faz uma proposta.

“Meu caro sahib”, ele murmura. “As minhas lâmpadas são da melhor qualidade e provenientes dos fornecedores mais idôneos que existem em todo o mundo árabe. Porém seu sofrimento me comove. Eu lhe proponho o seguinte negócio. Em vez de me pagar cinquenta mil reais para comprar esta bela lâmpada, o sahib pode me pagar cinco mil reais para poder ficar com a lâmpada por dez minutos em suas mãos. O sahib a examina, determina se atende a seus desejos e então decide se vai compra-la. Se não quiser compra-la, pode escolher outra lâmpada, pagar mais cinco mil e ficar com ela por mais dez minutos.”

Afastemo-nos desta cena pela última vez, pensando na proposta do mercante.

Você já pensou em fazer seu aplicativo desta forma? Em vez de fazer um investimento grande de tempo e dinheiro para desenvolver algo que pode dar errado no final, que tal investir pequenas quantias para a realização de pequenos protótipos e aprender mais sobre o que você deseja conquistar com o seu aplicativo?

Em outras palavras, que tal testar suas idéias?

Há muitas técnicas e ferramentas interessantes para você testar suas idéias sem nem mesmo precisar saber programar.

Seja bem vindo ao blog Patinete a vela. Neste blog eu compartilharei com você experiências que eu tive em minha jornada com desenvolvimento de aplicativos. Nem todos os textos serão tão viajantes quanto este, mas não prometo muito porque eu gosto de viajar quando escrevo. Mas espero que você goste, e espero também poder te ajudar a encontrar sua lâmpada mágica.

Abraços e até a próxima.