Originalmente publicado em 2014-05-27 15:19 no blog Patinete a vela.

Sword of Shannara

Tenho um livro que está em minha estante faz muito tempo. Chama-se “The Sword of Shannara”, de Terry Brooks. Não sei como este livro surgiu na minha prateleira. Pode ter vindo da coleção de livros de minha avó (leitora muito eclética) ou mesmo de minha mãe, mas já não tenho mais como confirmar.

Enfim, a capa mostra um anão, um elfo e um cavaleiro vislumbrando uma bela espada brilhante. Longe de mim desprezar qualquer literatura do ramo de ficção, seja fantástica ou científica, por isso sempre mantive esse livro no cantinho da mente para quem sabe algum dia lê-lo.

O que me fez lembrar deste livro é que nestes dias eu assisti uma entrevista com o George R. R. Martin, meu grande ídolo, melhor escritor que já existiu na face da terra (sou um baita fanboy hehe). Nesta entrevista foram intercaladas curtas entrevistas com fãs de Martin e do gênero fantástico, e um dos entrevistados chegou a falar do “The Sword of Shannara”. Devido ao imenso atrevimento do entrevistado em citar esta obra na mesma frase em que citava “Game of Thrones”, eu até cheguei a pensar que aquele livro seria um clássico que deveria fazer parte do panteão das grandes obras de literatura fantástica.

Até que, um belo dia em que eu estava fazendo arrumação nos meus livros, me ocorreu ler o resumo desta obra na contra-capa.

O resumo é este:

Long ago, wars of ancient Evil ruined the world and forced mankind to compete
with many other races - gnomes, trolls, dwarfs, and elves. In peaceful Shady
Vale, half-elfin Shea Ohmsford knows little of such troubles until giant,
forbidding Allanon, with strange Druidic powers, reveals a supposedly-dead
Warlock Lord plots to destroy the world. The sole weapon against this Power of
Darkness is the Sword of Shannara, only usable by a true heir of Shannara. On
Shea, last of the bloodline, rests the hope of all the races. Soon a Skull
Bearer, dread minion of Evil, flies into the Vale to kill Shea. To save the
Vale, Shea flees, drawing the Skull Bearer after him.

Segue uma tentativa de tradução:

Muito tempo atrás, guerras do Mal antigo arruinaram o mundo e forçaram a
humanidade a competir com muitas outras raças - gnomos, trolls, anões e elfos.
Na pacífica Shady Vale, o meio-elfo Shea Ohmsford sabe pouco de tais problemas
até que o gigante Allanon, com estranhos poderes Druidicos, revela um plano do
Lorde Feiticeiro, supostamente morto, para dominar o mundo. A única arma contra
este Poder da Escuridão é a Espada de Shannara, apenas usável por um verdadeiro
herdeiro de Shanara. Em Shea, último da linha sanguínea, resta a esperança de
todas as raças. Em breve um Portador da Caveira, terrível lacaio do Mal, voa 
para o Vale para matar Shea. Para salvar o Vale, Shea foge, atraindo o Portador 
da Caveira atrás de si.

Fiquei chocado com a terrível falta de imaginação desta história. E não é só isto: substitua “Shady Vale” por “O Condado”, “meio-elfo Shea Ohmsfort” por “hobbit Frodo Bolseiro”, “o gigante Allanon” por “o gigante Gandalf”, “Lorde Feiticeiro” por “Sauron” e “Espada de Shannara” por “O Anel” e pronto, você tem um resumo perfeito da história do Senhor dos Anéis! Até mesmo a descrição do contexto é pouco imaginativa. Pode ser uma falha do autor do resumo, mas se a fonte fosse boa ele não teria problema em fazer um bom resumo.

Infelizmente quem vê contra-capa não vê coração, e o livro até que pode ser legal. Mas infelizmente acabei de retirá-lo de minha lista de leitura. A não ser que o apareça o George Martin recomendando! :-p