The Wellerman, o grande vírus memético
The Wellerman é o nome de uma canção de marinheiros do século 19 que, por razões inexplicáveis, tomou de assalto a rede social Tik Tok e viralizou.
Esta é uma versão de três horas que reproduz continuamente um mix de vídeos enviados por usuários do Tik Tok.
Minto. Não são razões inexplicáveis. A música é linda e os usuários do Tik Tok se encarregaram de torna-la mais bela ainda adicionando harmonizações e arranjos instrumentais.
Fiquei sabendo desta canção pela primeira vez por referência de Stephen Colbert, que declarou que “2021 seria o ano dos Sea shanties”.
Sea shanty é um tipo de canção muito popular entre marinheiros do século 19, e eram utilizadas como músicas de trabalho. Populações enormes de marinheiros eram encarregados de tarefas pesadas que exigiam sincronização, como amarrar velas, puxar cordas, etc. Nos sea shanties normalmente havia um “shanty master” que iniciava a música e os marinheiros respondiam. Na resposta dos marinheiros normalmente havia um verso sincopado, que marcava o momento em que os marinheiros deveriam aplicar a força em coordenação.
Abaixo há um vídeo de Adam Neely explicando as características de sea shanties e também que The Wellerman, como apresentado no Tik Tok, não é exatamente um sea shanty, mas é próximo o suficiente e tem características que facilitaram sua viralização na rede social. Resumindo, o fato de que a música tem um formato em que ela é puxada por um “shanty master” e respondida em coro se encaixou muito com a ferramenta do Tik Tok de “gravação em dueto”, pois o usuário que iria fazer o dueto conseguiria sincronizar com mais facilidade se pudesse ouvir como referência o início da música.
Parece lógico sincronizar trabalho utilizando música. Eu já havia visto algo semelhante com os “bate estacas humanos” da Tailândia.
Enfim. Essa versão de The Wellerman pressionou todos os botões certos em meu cérebro para me deixar viciado. Mas fiz uma descoberta interessante… Quando sentei no meu teclado para tentar tocar esta música, descobri que a sequência de acordes encaixa perfeitamente com outra música pela qual sou obcecado: Moskau, da banda alemã da década de 70 Dschinghis Khan.
Eu adoro esta música. Acho a melodia incrível, o visual improvisado dos músicos e seus figurinos coloridos bastante ridículos, mas hipnotizantes. É uma daquelas que consigo ficar escutando por horas a fio, como agora também é The Wellerman.