Originalmente publicado em 2014-12-04 19:55 no blog Patinete a vela.

Jurassic World

Saiu na semana passada o trailer oficial para o quarto filme da série Jurassic Park, intitulado Jurassic World. Finalmente vamos poder ver o parque aberto ao público e as adoráveis confusões que acontecerão quando, novamente, a natureza mostrar que não pode ser controlada e os dinossauros correrem livres e soltos em meio à multidão em pânico.

Antes de continuar lendo este texto, você pode querer assistir ao trailer. Bom, veja o trailer e continuamos nosso papo mais abaixo.

Sou fã de carteirinha de Jurassic Park. Assisti quando saiu no cinema, em 1993. Desde então, assisti todos os filmes incontáveis vezes na TV, em VHS e em DVD, li os livros, colecionei as figurinhas, aprendi a tocar as músicas no piano, comprei a caneca, assisti os filmes mais algumas vezes e, ainda hoje, com orgulho desfilo com minha camiseta do Jurassic Park, a minha favorita.

Jurassic Mug Contemple minha fantástica caneca do Jurassic Park

Infelizmente, após assistir ao trailer a minha expectativa para o Jurassic World está baixíssima. As decepções começaram assim que o protagonista Owen, interpretado por Chris Pratt, macho alfa bonitão, fortão, cientista radical que foi criado por ninjas, conhece a chefe de pesquisa da Masrani Corp., Claire, interpretada Bryce Howard, bonitona, que encontra tempo para manter seu corpo sarado enquanto realiza pesquisa genética de ponta. Nos é revelado então que, em vez de se limitar apenas a reconstruir o DNA de dinossauros, a Masrani Corp. decidiu que seria uma excelente idéia criar dinossauros novos. Claro, não pode haver filme se não existe um aumento da escala das ameaças. Como superar o mega-ultra-power-sauro do Jurassic Park III que mete medo até mesmo no tiranossauro? Bom, é óbvio que, ao decidir alterar dinossauros geneticamente, a Masrani Corp. não iria se limitar a experimentos inofensivos como criar um triceratops com uma orelha gigante nas costas, ou fazer pteranodontes que brilham no escuro. Já estou esperando que apareça um tiranossauro com o cérebro de um velociraptor, que dispara raios laser pelos olhos e tem um esqueleto de adamantium. Aí acho que vai ser ameaça suficiente para o seu típico blockbuster de hollywood. Como espero estar enganado…

Tem outro balde d’água fria que estou esperando. Aparentemente vamos ter um parque repleto de pessoas, um verdadeiro buffet de carne tenra de todas as idades, e dinossauros carnívoros e sedentos de sangue à solta. Se fosse uma situação real, quem seriam as presas mais fáceis para os dinossauros? Evidentemente seriam as crianças e idosos. Porém tenho a impressão que, seguindo a linha de filmes de ação água-com-açúcar, não vamos ver uma criança ou idoso sequer sendo devorados por dinossauros. Algo que nem no filme As Duas Torres, da trilogia do Senhor dos Anéis, quando os orcs vão atacar o Abismo de Helm e não morre nenhum humano inocente. Não que eu queira ver crianças sendo devoradas, nada disso, mas é que quando o filme começa a exigir uma suspensão-da-descrença que implica em diferenças fundamentais sobre como pessoas e animais selvagens se comportam eu já começo a não sentir mais prazer em ver o filme. Como espero estar enganado…

Então, temos uma série começada com um filme de ficção científica sério, com cenas de ação bem balanceadas, cientistas verossímeis (nenhum deles era um herói de ação estereotipado), heróis e vilões morrendo o tempo todo, que era o Jurassic Park original, e que termina com o que aparenta ser um filme de pura ação água com açúcar com seu típico herói de ação macho-alfa e heroína gostosa enfrentando dinossauros que soltam raios laser pelos olhos. Sem contar que o diretor deste filme, Colin Trevorrow, tem apenas um filme em seu currículo e que a trilha sonora não vai ser composta pelo John Williams!

Arrrgh!

Como espero estar enganado!

Obviamente vou assistir o filme quando sair no cinema e terei o maior prazer de me retratar de tudo o que disse neste post se o filme, contrário a minhas expectativas, se mostrar ser bom.

Nota desde o futuro longínquo de 28 de janeiro de 2021

Eu acabei nunca escrevendo os comentários após ter assistido o filme. Honestamente, havia muitas coisas para gostar desse filme e algumas coisas meio meeh, mas na média foi legal mesmo. Esse filme foi uma grande homenagem para os fas do Jurassic Park original, com um monte de ovos de páscoa e homenagens a personagens e eventos daquele filme.

Eu não conhecia o Chris Pratt no momento em que vi o trailer, nem a Bryce Howard (que por sinal foi uma das diretoras do excelente seriado Mandalorian). Os dois ficaram bem em seus papéis, não ficaram o típico “action couple” super foda, apesar de que me incomodou que a Bryce passou o filme inteiro escapando de dinossauros em salto-alto. Que custava usar um tênis?

O filme apresentou o tal dinossauro mutante, de que eu realmente não gostei. Como o indominus era uma combinação genética de tiranossauro com velociraptor, não era plausível que um tiranossauro ou um velociraptor conseguissem derrota-lo, então no final do filme temos uma cena em que um tiranossauro, velociraptores e finalmente um ictiossauro trabalham em equipe para derrotar o temível indominus. Particularmente eu não gostei de começarem a colocar os dinossauros carnívoros como heróis ou aliados dos protagonistas, mas isso já vinha acontecendo desde Lost World. Gostei muito de ver baby velociraptores (fico bem comovido), mas não gostei da idéia de velociraptores treinados.

Ver o parque funcionando em toda sua glória foi sim o ponto alto do filme, e isso foi muito bom.

Este é um bom filme, que preciso ver de novo. Não chega aos pés do Jurassic Park original, apesar de que eu acho que gostei mais do que de Lost World e Jurassic Park III.

Depois de Jurassic World foi lançado mais um filme da série, chamado Jurassic World: Fallen Kingdom. Este filme é bem ruim, acho que o pior da série, mas ele deixou uma abertura para uma premissa que eu acho que seria muito boa para um filme de pós-apocalipse sauriano: dinossauros livres e soltos no mundo exterior! Espero que aproveitem esta premissa! Havia um filme com uma premissa semelhante de que gostei muito, Reign of Fire, de 2002, onde era retratado um mundo pós apocalíptico populado por dragões.

Ah, apesar de que Jurassic World não tinha dinossauros que disparavam raios laser pelos olhos, o Fallen Kingdom apresentava mais um dinossauro geneticamente modificado, combinação de velociraptor com tiranossauro, caçador perfeito, bla bla, que havia sido condicionado a atacar alvos que fosse apontados por um laser. Próximo o suficiente à minha previsão de 2014… :-)